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Modelo de Redação | Enem: Abandono paterno: uma silenciosa epidemia no Brasil
Modelo de Redação | Enem
Tema: “Abandono paterno: uma silenciosa epidemia no Brasil”
Autoria: Prof. Waldyr Imbroisi
Introdução
O livro “Quarto de Despejo” é um conjunto de relatos autobiográficos de Carolina Maria de Jesus, mãe solo de três filhos e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, escrito nas décadas de 50 e 60. No diário, ela narra a dificuldade de cuidar sozinha da sua prole, sem contar com a presença ou a ajuda financeira dos pais. Longe de ser uma história particular, a trajetória de Carolina é um exemplo vivido por milhões de famílias brasileiras, configurando-se como uma verdadeira epidemia silenciosa, já que não recebe a devida atenção. Nesse sentido, é necessário lançar luz sobre esse problema, pois a ausência da figura paterna pode prejudicar a formação das crianças e ser extremamente penosa quando ocorre em famílias de baixa renda.
Argumento I
A princípio, a infância é um momento muito importante para a vida de qualquer pessoa, sendo a fase em que os aprendizados fundamentais para a vida comum se concretizam. Nesse contexto, o sociólogo Émile Durkheim afirma que, no seio familiar, as crianças absorvem as regras, as proibições, as exigências e as expectativas da sociedade em um processo denominado socialização primária. Ela é responsabilidade da família, de modo que qualquer outro processo de integração ao meio é visto pelo pensador francês como secundário. Partindo dessa perspectiva, percebe-se como, no caso das casas chefiadas por mães solo, a formação dos menores fica prejudicada, uma vez que um importante membro da organização familiar é ausente.
Argumento 2
Para além disso, a inquietante prevalência do abandono paterno entre as camadas mais carentes da população torna o problema ainda mais grave. De fato, parcela significativa das mães solo se encontram abaixo da linha da pobreza, devendo lutar pela subsistência própria e de seus rebentos em condições precárias. Nesse aspecto, considerando que muitos pais abandonam o cuidado dos filhos e sequer fazem o pagamento da pensão, como ocorreu com Carolina, as condições de sobrevivência das mães solo se afastam dos requisitos mínimos da dignidade humana, conceito postulado pelo filósofo Immanuel Kant e definido pelo conjunto de direitos básicos para a manutenção digna da vida.
Conclusão
Portanto, são necessárias medidas para dar visibilidade à silenciosa epidemia de abandono paterno e conter esse problema brasileiro. Para isso, o Estado deve responsabilizar legalmente os genitores do sexo masculino, não apenas financeiramente, mas também em termos de cuidado parental, por meio da criação de leis específicas relacionadas às obrigações dos pais, com o objetivo de impedir que filhos sofram pela negligência de seus ascendentes e, com isso, possam ter um desenvolvimento saudável. Ademais, as prefeituras de cada cidade devem prestar auxílio às mães solo desassistidas, principalmente àquelas que estão abaixo da linha da pobreza, oferecendo ajuda pedagógica, psicológica e financeira, para que a jornada materna na criação das crianças seja menos penosa. Assim, com essas medidas, será dada a devida atenção a esse grave problema.
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