As festividades de fim de ano são comemoradas há bastante tempo, a exemplo das tradições romanas pagãs, que comemoravam o solstício de inverno. Elas são importantes, pois simbolizam um novo ciclo de vida (contextualização). Contudo, é necessária uma postura crítica para não as reduzir ao mero consumo (tópico I) e, assim, favorecer relações humanas mais solidárias (tópico II).
De início (conectivo), é importante destacar que o Natal e o Ano Novo foram subjugados aos interesses econômicos (desdobramento do tópico I). Essas festas, que marcam, respectivamente, o nascimento de Jesus Cristo e a renovação da vida, entraram na lógica instrumental capitalista, na qual o único interesse é vender em massa e lucrar, conforme destaca o filósofo Adorno (fundamentação). Dessa forma, os afetos e a busca pela renovação ficam em segundo plano (conclusão do parágrafo).
Além disso (conectivo), essa mercantilização das festividades não favorece relações mais duradouras e profundas (desdobramento do tópico II). Nesse sentido, de acordo com o filósofo Bauman, o indivíduo líquido está cada vez mais desconectado de tudo e de todos. Isso pode ser observado nas ceias de Natal, nas quais muitas pessoas prestam mais atenção às mensagens do celular do que nas pessoas que estão a sua volta. Isso impede o desenvolvimento da afetividade e prejudica o sentido de encerrar uma etapa e começar outra.
Portanto, para ter Boas Festas, é necessário que o indivíduo se preocupe mais com as pessoas que estão ao seu lado, olhando nos olhos enquanto conversa, com a finalidade de dar atenção e carinho ao outro. Além disso, desenvolver uma vida assertiva, sem resignação, conforme assevera Nietzsche.
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A FCC cobrou temas do eixo “mundo do trabalho” na redação do TRT21-RN. E não deu outra: o Mago da Redação acertou mais um tema de redação na revisão de véspera!
Confira os comentários e os modelos de redação:
Comentários ao tema de redação do TRT21
Modelo de Redação sobre Teletrabalho (TRT21-AJTI)
A pandemia de covid-19 causou imensas modificações em todos os campos da sociedade, inclusive no trabalho. Nesse esteio, foi acelerado um processo já em andamento desde a popularização do acesso à internet: a transferência das atividades laborais para os modelos remoto e híbrido. Dentro dessa perspectiva, é relevante destacar que essas modalidades podem, de um lado, permitir melhor aproveitamento do tempo; porém, de outro, podem gerar cobranças excessivas dos funcionários.
A princípio, o home office tem o condão de oferecer liberdade ao trabalhador. Sob tal prisma, a redução do tempo eventualmente gasto com o deslocamento e a possibilidade de organizar as funções diárias de maneira compatível com a própria rotina permitem uma gestão do tempo mais autônoma, tornando mais fácil conciliar emprego e os cuidados com a casa e a família. Assim, trata-se de uma estratégia para colocar em prática o pensamento do filósofo Domenico de Masi, para quem é necessário dedicar tempo ao ócio criativo – essencial para o equilíbrio e a felicidade do colaborador.
Por outro lado, os modelos remoto e híbrido podem ter efeitos negativos sobre o trabalhador. Isso ocorre pois, em algumas empresas, operacionaliza-se com o pressuposto de que, cumprindo suas funções de casa, o funcionário deve estar sempre disponível. Com isso, ligações em horários impróprios e cobranças com prazos exíguos deixam o colaborador em permanente alerta, fazendo com que o trabalho invada outras esferas da vida. Tal cenário é discutido pelo filósofo Byung-Chul Han, para quem se vive hoje sob a “ética do desempenho”, ou seja, as pessoas são valorizadas na medida em que sacrificam o tempo de lazer em favor do cumprimento de demandas laborais.
Portanto, a popularização do home office abre possibilidades muito positivas que dão azo ao melhor aproveitamento do tempo e ao ócio criativo se bem aproveitadas. No entanto, quando as relações laborais são dominadas pela demanda por produtividade excessiva, tal modelo viabiliza a cobrança permanente dos funcionários, consumindo todo seu tempo com atividades laborais.
Modelo de Redação sobre trabalho decente (TRT21-AJAJ)
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) destaca que o maior desafio global no que se refere ao labor é a garantia de trabalho decente. De fato, condições adequadas e dignas para o exercício da função social são essenciais, havendo leis no Brasil para garantir essa prerrogativa. Entretanto, a persistência de condições precárias de ocupação ainda perpetua ciclos de exploração.
Em primeiro plano, a história dos direitos do trabalhador é marcada por lutas e conquistas. Nesse sentido, o sociólogo Thomas Marshall afirma, em seu ensaio “Cidadania e Classe Social”, que a condição de cidadão compartilhada por um povo só se efetiva a partir da organização e da luta por melhorias sociais, as quais devem ser garantidas em lei e efetivadas na prática. A exemplo disso, pode-se citar a aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943 no Brasil, a qual, embora tendo sofrido modificações, atendeu a demanda do crescente operariado nacional e continua sendo a base de proteção do empregado no país.
Contudo, há diversas situações em que não há o cumprimento efetivo das leis de proteção ao funcionário. Prova disso é a recente denúncia das empresas Salton, Garibaldi e Aurora por se valerem do trabalho escravo para a produção de uvas: os colaboradores foram encontrados vivendo em galpões, com comida em condições precárias e sem a devida remuneração. Com isso, o labor, que deveria ser pautado pela dignidade, assemelha-se ao “Trabalho de Sísifo”, mito grego cujo personagem principal é obrigado a subir com uma pedra até o topo de um monte somente para vê-la cair e ser obrigado a recomeçar a tarefa, marcada pela exaustão e pela ausência de resultados.
Portanto, para que o trabalho no Brasil seja decente, afastando-se do tormento imposto a Sísifo, não são necessárias novas leis, mas sim o devido cumprimento da legislação vigente. Assim, será possível efetivar a cidadania de todos e cumprir com os objetivos determinados pela OIT no país.
Resultado Parcial do TRT12-SC
Com muita felicidade, também, que divulgo o resultado parcial de nossos alunos no concurso do TRT12, cuja nota de redação foi divulgada no dia 15/12:
O Prof. Raphael Reis e o Prof. Waldyr Imbroisi fizeram uma aula especial sobre Meio Ambiente: ilhas de calor e as desigualdades sociais. Esse tema contempla, também os debates sobre o racismo ambienta.
Confira abaixo a aula e o modelo de redação sobre Racismo Ambiental:
https://www.youtube.com/watch?v=UV6E-1Bcop8
Modelo de Redação sobre Ilhas de Calor e as Desigualdades Sociais
De acordo com o observatório Copernicus, o ano de 2023 foi eleito o mais quente dos últimos 125 mil anos. Essa elevação da temperatura, percebida de maneira intensa nas ilhas de calor urbanas, está associada às ações humanas e impacta diferentemente os grupos sociais.
Em primeira análise, é importante destacar que os seres humanos possuem responsabilidade direta nos problemas ambientais. Nesse sentido, tal pensamento é defendido pelo sociólogo Ulrich Beck, para quem os riscos atuais à sobrevivência e ao bem-estar dos seres humanos são perpetrados por ações antrópicas. Isso pode ser observado a partir dos eventos climáticos extremos oriundos do aquecimento global, a exemplo das ilhas de calor.
Outro ponto a ser discutido é observar que as formas de se proteger dos efeitos extremos do calor são distintas para as diferentes classes sociais. Nesse contexto, a “ralé brasileira”, grupo considerado sem cidadania pelo sociólogo Jessé Souza (e composto em sua maioria por pessoas negras), sofre mais para amenizar a sensação de calor, uma vez que suas residências não possuem infraestrutura adequada, a exemplo de construções com telhado de amianto e sem ventilação. Por outro lado, as famílias mais abastadas possuem habitações mais arejadas e recursos para adquirir equipamentos como ar condicionado e ventilador.
Por fim, é notório que todas as pessoas sentem o aumento da temperatura por meio das ilhas de calor. Porém, devido às desigualdades sociais, os menos favorecidos (em sua maioria negros) são impactadas de maneira desproporcional em virtude da ausência de meios para lidar com as adversidades climáticas.
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